terça-feira, 30 de setembro de 2008

Cupcakes para o Chá da Tarde

Essa é a minha primeira participação em um desafio de culinária. E nada poderia ser mais adequado: eu ADORO cupcakes. Uma das minhas receitas best-of é de cupcakes lisinhos, que podem ser recheados com o que der na telha, ou acompanhados de geléias, buttercreams... Hum!

Uma das coisas que me deixa mais feliz é perfumar a casa inteira com o cheirinho de baunilha ou chocolate (embora o cupcake de morango que eu fiz outra vez também tenha ficado memorável), ou chegar na casa dos meus amigos levando aquelas miniaturas meigas de bolo. Cupcakes são doces, delicados e inventivos, por que você tem mil possibilidades pra variar o recheio e a cobertura com uma mesma massa.

Eu sempre uso forminhas de papel nos meus cupcakes. É mais fácil, mais prático, não tem que untar, não gruda e, principalmente, faz MUITO menos sujeira. É só você colocar uma forminha de papel em cada espacinho da forma de muffin (ou em cada forminha de empada, como é o meu caso, já que quando eu comecei com a loucura pelos cupcakes não encontrei forma de muffins a venda) e preencher com a massa. Voilá.

Apesar dos meus cupcakes de sucesso usarem uma massa que vai leite e farinha com fermento, fiquei com uma vontade incrível de experimentar uma receita diferente. Claro, uma que fosse fácil e rápida (receitas de meia hora são as minhas preferidas). Como vocês já devem ter percebido, ando meio viciada no meu livro da Nigella, e recorri a ele pra achar uma receita de bolinho nova e apetitosa. A mais meiga que encontrei foi a dos Bolinhos Borboleta, mas aquela história de cortar a "tampinha" do bolo e transformar em asas era frescura demais pra minha cabeça. Keep it simple. Faça receitas que levem menos tempo que escrever um quick sort.

Adaptei a receita do livro, adicionei gotas de chocolate (eu sempre mantenho um saco delas na despensa, são tão úteis e gostosas) e troquei o icing pela simplicidade do doce de leite. Fiz umas bolinhas de pasta americana só pra deixar mais bonito, mas elas são completamente dispensáveis (você também pode colocar uma cereja, ou confeitos coloridos, ou chocolate granulado). O resultado não poderia ser melhor. Cupcakes com um top crocante e interior macio e aerado, um leve toque de chocolate e uma brilhante, generosa e apetitosa camada de doce de leite.


Tem gosto de infância e o que é melhor: são super fáceis de fazer. Basicamente é só misturar os ingredientes, usando um pote e uma colher. Nada mais. Sem mixer, batedeira, liquidificador. Como vai pouca farinha, você não se mata batendo a massa. E o icing não poderia ser mais simples: basta abrir um pote.

CUPCAKE DE BAUNILHA-CHOCOLATE COM DOCE DE LEITE
Adaptado da receita de Bolinhos Borboleta da Nigella
Rende 9 bolinhos


*
125 g de manteiga ou margarina (aproximadamente 2 e 1/2 c. sopa)
* 125g de açúcar
* 2 ovos inteiros
* 150g de farinha de trigo
* ~1/2 colhar de chá de bicarbonato de sódio (eu coloco um pouquinho mais)
* ~1 colher de chá de fermento em pó biológico
* baunilha (o quanto você gostar, eu adoro e coloco umas 3 colheres de chá)
* gotas de chocolate a gosto (usei aproximadamente 3/4 de xícara)
* 1/2 pote de doce de leite
* para enfeitar: bolinhas coloridas de pasta americana, cerejas, confeitos, etc.

- Pré-aqueça o forno no a 220ºC.
- Bata a manteiga com o açúcar (pode misturar com a mão, mas eu prefiro usar uma colher), até que o a manteiga incorpore todo o açúcar e vire um creme amarelinho claro, bem fofinho.
- Junte à mistura um ovo e um pouquinho da farinha. Misture. Quando incoporar, junte o outro ovo e mais um pouquinho de farinha. Bata mais um pouco, para misturar bem.
- Adicione o resto da farinha, o bicarbonato e o fermento, misturando bem a cada adição. Coloque a baunilha e mexa pra incorporar.
- Adicione as gotas de chocolate e misture delicadamente.
- Coloque 9 forminhas de papel em forminhas de muffin (ou de empada). Distribua a massa igualmente nas forminhas.
- Coloque no forno e asse até que eles estejam altos e douradinhos, o que leva de 15 a 20 minutos.
- Tire os bolinhos do forno e espero esfriar um pouco. Com uma colher de sobremesa, distribua doses generosas de doce de leite sobre cada um deles, espalhando para cobrir todo o top.
- Coloque enfeitezinhos coloridos à gosto. Eles são dispensáveis, mas dão um charme e tanto aos cupcakes.

Obs.: para ver fotos dos bolinhos sem a cobertura, é só acessar o meu álbum no Picasa. Eu experimentei sem o doce de leite e eles já estavam maravilhosos. Então, você pode fazer eles simples, pra colocar uma geléia na hora de servir. Pode tirar as gotas de chocolate também, deixando-os mais próximos da receita original.


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O macarrão preguiçoso e as fotos que quase não existiram

Finais de semana são oportunidades ótimas de cozinhar. Claro que conseguir um tempinho ne meio da semana para transitar em meio às panelas é uma delícia, e o meu apreço pela culinária rápida não faça disso uma missão impossível, nos finais de semana há mais tempo pra pensar no que fazer, ir ao supermercado, escolher os ingredientes mais bonitos.

Como eu me esforço profundamente para ficar um pouquinho longe dos computadores no final de semana (alguns dirão que sou uma nerd de araque por causa disso, mas meus olhos e minha vida social agradecem essa folguinha), ou eu acho alguma receita em revistas/livros ou já captei de algum blog até sexta-feira. Mas nesse caso foi diferente: esse macarrão foi uma invencionice inspirada no macarrão alla carbonara, ou do que eu me lembrava dele.

Num sábado completamente preguiçoso, sem vontade nenhuma de sair por que eu tinha acordado cedo para uma manhã com prova de Economia, fui na casa do meu namorado com o livro novo da Nigella embaixo do braço. Supermercado-cozinha-TV. Não me achem preguiçosa - eu adoro sair e no sábado mesmo combinamos de ir dançar assim que o tempo esquente um pouquinho. Mas tem dias que tudo que você precisa é comida boa e cafuné.

Nesse clima, fomos folheando o Nigella Express. Demos de cara com as Linguicinhas Agridoces, lindas, fáceis e maravilhosas (juro que vou postá-las outro dia). Só que o namor estava numa hype por bacon. Incorporou o Homer Simpson e, imitando a voz do gorducho amarelo, me disse "ah, Marge, eu gosto tanto de bacon". Depois do ataque de riso, pela originalidade e, va lá, pela fofura da atuação, resolvi fazer alguma coisa usando bacon. Revira o livro de cá, revira o livro de lá, e a receita mais promissora que encontramos com o ingrediente foi um frango assado recheado!

Ok, não priemos cânico. Eu consigo criar um algoritmo de Inteligência Artificial, então eu consigo criar um prato com esses pedacinhos mega-calóricos de carne de porco. Lembrei da carbonara que a minha vó fazia - e que não repete a muito tempo - e pensei that's it. Mas a carbonara da minha vó levava um molho branco, que eu não recordava se era bechamel ou simplesmente creme de leite. Bechamel? Picar cebola, ferver o leite, misturar com farinha? Num sábado preguiçoso? Nem morta! Creme de leite, então. Mas ter que ficar cuidando pra ver se não talha na temperatura alta?

Simplesmente cortei o molho da receita. E essa se tornou uma das receitas mais simples e maravilhosamente apetitosas que eu já fiz. Tão simples e tão apetitosa que assim que ficou pronta, simplesmente nos servimos, sem pensar em fotografar. Quando me lembrei do blog, já estava com a panela toda revirada. Portanto, perdoem a foto (tirada com a câmera do meu celular, aliás) e aproveitem a receita.

Poderia tê-lo batizado de American Breakfest Pasta, já que bacon e ovos compõe o café da manhã americano, mas resolvi chamá-lo de Macarrão Preguiça por que combinava com o meu estado de espírito.

Macarrão Preguiça

* 1 pacote de macarrão que não seja de fios (fusilli, farfale, etc, não vale espaguete nem talharim)
* 1 pacote de bacon
* 4 ovos
* azeite de oliva
* sal a gosto

Cozinhe o macarrão até ficar al dente, com sal e um pouquinho de azeite de oliva. Escorra e reserve.
Numa panela grande, frite o bacon com o azeite de oliva. Bata os quatro ovos com sal a gosto (não coloque muito, por que o bacon já é salgado) e coloque por cima do bacon fritinho. Logo em seguida, antes do ovo começar a cozinhar, coloque o macarrão por cima. Mexa bem até misturar todos os ingredientes (se quiser, pode colocar um pouquinho mais de azeite de oliva) . Ficarão "floquinhos" de ovo no meio do macarrão. Mexa até eles cozinharem completamente.
Só assim fica maravilhoso, mas sinta-se à vontade para colocar um queijo ralado por cima.

Rende 4 porções

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Livro novo e adaptações providenciais

Como boa nerd, eu adoro ler. Se vocês olharem meu perfil aqui mesmo no Blogger, poderão ver que eu leio bastante (e aquilo ali não é nem o começo dos livros que eu adoro). Aliás, hoje, além dos livros técnicos da faculdades (que incluem o Manual de Economia da USP e o Tanembaum de Sistemas Operacionais, além dos milhares de artigos de Sistemas Especialistas), também estou lendo O Retrato, segunda parte do Tempo e o Vento. E me esperam pelo menos mais uns cinco ou seis.

Ultimamente, venho me interessando por livros de culinária, mais especificamente desde quando uma amiga da minha vó me emprestou uma preciosidade chamada "A Boa Mesa", que infelizmente já não é mais publicado (se alguém um dia achar, compra e me manda!). Fiquei meio obcecada por conseguir o livro por um tempo, mas depois que um dono de sebo me fez uma proposta meio esquisita ("me paga a metade que eu encomendo de um sebo em São Paulo"), acabei desistindo e me focando em outros must-have.

Meu primeiro livro chegou ontem, o Nigella Express. Eu estava quase comprando a versão em inglês, quando vi que tinham lançado em português. Eu sou fangirl assumida da Nigella, falar mal dela perto de mim é disparar um daqueles processos prioritários no meu cérebro que vai defendê-la meio que cegamente. Mas xiitagem de fã à parte, ela geralmente faz pratos rápidos, saborosos e (o que é melhor) facilmente adaptáveis ao que você tem na despensa. Eu já sabia disso a tempos pelo programa de TV e pelo site lindo e repleto de receita maravilhosas (a maioria de leitores, mas algumas dela).


A receita que eu vou postar está completamente adaptada ao que eu tinha na geladeira. Ainda vou tentar exatamente o que consta no livro, tim-tim por tim-tim, pra ver como fica. Mas essa minha versão ficou especialmente boa. E com vantagens: sabe aquele pão de sanduíche que foi comprado a três dias, aqueles frios que estão no finzinho? É eles que vamos aproveitar. E com o mesmo trabalho de fazer simples sanduíches. Ok, ok, com um pote a mais pra lavar (mas pra comer algo infinitamente melhor, who cares?).

Você gasta menos de 10 minutos montando o prato. O tempo de forno não conta, por que você coloca seu refratário ali e pode fazer outras coisas (fiz uma saladinha pra acompanhar, arrumei a mesa, coloquei mais água nas forminhas de gelo, fui ler um pouquinho mais do meu livro e ainda sobrou tempo).

PSEUDO CROQUE MOUNSIEUR DA NIGELLA

* 8 fatias de pão de sanduíche (pão de fôrma)
* maionese (o quanto for necessário)
* 8 fatias de queijo
* 4 fatias de mortadela (é o que eu tinha em casa, galera)
* 6 ovos
* ~80ml de leite
* sal a gosto (~1 colher de sobremesa basta)
* queijo ralado a gosto (para polvilhar)

Pré-aqueça o forno a 220ºC.
Passe a maionese nas fatias de pão e monte os sanduíches colocando uma fatia de queijo, uma de mortadela e mais uma de queijo por cima. Corte-os em triângulos e acomode-os numa fôrma ou refratário que possa ir ao forno.
Bata os ovos, o leite e o sal (não precisa se esmerar muito, é só pra misturar) e coloque por cima dos sanduíches.
Polvilhe com queijo ralado (eu gosto de colocar bastante).
Coloque no forno por ~25 minutos.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Lições de cozinha com Nintendo

Tem gente que acha que cozinha e nerdice não combinam, mas a Nintendo acha o contrário.

No início do ano foi lançado na França o jogo Leçons de Cuisine para Nintendo DS, que ensina como preparar várias receitas e, pelo que eu entendi, com acompanhamento "on-the-fly" do game.

Pelo jeito o joguinho deve ter feito sucesso na França, por que encontrei até um vídeo da revista Elle francesa sobre o jogo. Sim, aquela revista feminina que tem uma versão no Brasil.

Indo um pouquinho mais a fundo nas informações (basicamente, usei a máxima GIYF), descobri que o jogo existia a algum tempo no Japão antes de ser lançado na França e que também foi lançada uma versão em inglês, chamada Cooking Guide, e que ela tem um site pra lá de bonitinho.

Depois de assistir o videozinho de apresentação do site, eu acho que fiquei apaixonada. Eu tinha protelado a minha decisão de comprar um DS, mas já estava louca por um depois de brincar com o Nintendog de um amigo (e de ver que poderia ter Mario Kart quando eu quisesse, ali, pertinho da minha mão). Agora, com um game que junta as minha duas paixões, não vou ter mais como me segurar.

Ninguém tá a fim de me dar um Nintendo DS de presente?

Um bolo de chocolate para as primaveras do meu pai

Meu pai fez aniversário no domingo, dia 21. Como ele diz, completou mais uma primavera, literalmente, já que 21 de setembro é o último dia do inverno e 22 já começa a estação das flores. Comemoramos com um churrasco no dia 20 (dia da Revolução Farroupilha, por isso estávamos à caráter, com boinas, bombachas e chapéus).

Como não poderia deixar de ser, aniversário tem bolo! Meu pai não é lá de coisas com muita massa - razão pela qual doces melequentos sejam tão comuns na minha casa - mas eu não poderia passar a data sem esse sabor. Minha idéia inicial era uma massa branca, pra dar um gosto um pouco mais suave mas, depois de uma cara de gatinho do Shreck e de um "mas eu adooooro chocolate" por parte do homenageado, resolvi fazer um bolo nega-maluca.

Pra deixar realmente do gosto do meu nerd mais querido (sim, meu pai é o responsável por eu ter me tornado uma aprendiz de computóloga - ele é analista de sistemas) eu tinha de colocar algo muito doce e cremoso por cima. Huuum, glacê? Endurece muito. Merengue? Firma pouco. Calda? Não fica tão bonito, por que penetra no bolo. A solução? Ganache. A gorda, brilhante e deliciosa ganache.


Ganache é um dos doces mais gostosos e mais ridiculamente fáceis de fazer que existem. É basicamente uma mistura de chocolate com creme de leite. Geralmente é feita de chocolate meio-amargo, mas meu progenitor tem horror à qualquer coisa que tenha "amargo" no nome, então eu fiz duas versões: com chocolate branco (para o recheio) e ao leite (para a cobertura).

Enfeitei com gotas de chocolate (notaram como eu sou fã delas?) e balinhas azedinhas de morango, por que não achei cerejas no supermercado e as minhas já tinham acabado.

A receita da massa de nega-maluca eu achei numa revistinha dessas de banca, bem ao estilo "dona de casa que quer deixar sua família contente", que meu namorado me dá de presente cada vez que passa no supermercado (ganha um doce quem disse que ele adora comer o que eu cozinho), mas eu dei lá minhas adaptadas.

NEGA-MALUCA COM GANACHE

Ganache de chocolate ao leite (cobertura)

*400g de chocolate ao leite
*1 e 1/2 caixinha de creme de leite (~300g)

Derreta o chocolate em banho maria. Quando estiver completamente derretido, adicione o creme de leite sem tirar do banho maria (importante, senão o chocolate começa a endurecer com a temperatura do creme e vira uma pasta), mexendo rapidamente até ter incorporado todo o creme de leite.
Coloque a sua ganache na geladeira. Ela vai endurecer BASTANTE.
Tire-o da geladeira alguns minutinhos antes de colocar sobre seu bolo.

Ganache de chocolate branco (recheio)

*200g de chocolate branco
*3/4 caixinha de creme de leite (~150g)

Basicamente é o mesmo que o ganache de chocolate ao leite. Banho maria, misturar, mexer. Só que no ganache de chocolate branco tem um detalhe: se você não usar um chocolate de ótima qualidade, o creme de leite vai ajudar a desprender a gordura dele e você terá pedacinhos brancos no meio do seu ganache. Ok, admito, aconteceu comigo. Eu fui na linha "vou usar o que tiver em casa" e me ferrei. Mas aí, DON'T PANIC. Um dos melhores amigos do cozinheiro desastrado é o mixer (que os "puristas" não vejam essa dica - minha vó costuma jogar fora os cremes que empelotam, eu bato todos e os salvo, continuam ótimos). Peguei meu adorado amiguinho branco, coloquei no pote (já fora do banho maria), vuuush vuuush vuuush e prontinho, ganache salvo, a caminho da geladeira.

Nega-maluca

* 4 ovos
* 2 xícaras (chá) de açúcar
* 1 xícara (chá) de óleo (soja, girassol, o que tiver na sua cozinha)
* 1 xícara (chá) de água quente
* 1 xícara (chá) chocolate em pó (não é Nescau, é aquele da caixinha dos padres)
*
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
* 2 colheres (sopa) ou 1 pacotinho individual de fermento em pó

Pré-aqueça o forno a 180ºC. Numa batedeira (ou na mão mesmo, apesar de dar mais trabalho), bata os ovos, o açúcar, o óleo e a água. Aos pouquinhos, e intercalando cada um deles, acrescente o chocolate, a farinha e o fermento, sem parar de bater. Tem que ser aos pouquinhos mesmo, por que senão a farinha não dissolve. Bata até ficar homogêneo.
Unte uma fôrma (eu usei uma redonda, de 25cm de diâmetro) e despeje a massa. Coloque no forno, de preferência na grade de cima, e deixe assar por 30~40 minutos.

Montagem

Quando o bolo esfriar, tire-o da fôrma. Usando uma faca de cortar pão (daquelas beeem grande e com serras), corte o bolo ao meio. Tire a "tempa", espalhe uma camada generosa de ganhache branco e "tampe" outra vez.
Coloque a ganhache preta ás colheradas por cima do bolo e nas suas laterais. A ganache gruda bastante, provavelmente você terá que espalhar bem e mesmo assim a camada vai continuar bem grossa.
Com o bolo coberto, coloque confeitos, granulados, cerejas, balinhas e etcétera e tal pra deixar ele bem lindão.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Free as Free... Cake?

No mundo do software livre, é comum o uso da expressão "free as free beer" para acabar com a idéia de que livre necessariamente teria que ser grátis. Essa confusão se vale do fato que na língua inglesa, FREE querer dizer as duas coisas (pode ter o sentido tanto de livre quanto de grátis).

Ok, mas que raios é uma "free beer"? Como foi explicado pela Bruna Griebeler, "uma cerveja livre é aquela que tem sua receita licenciada pela Creative Commons".

Só que eu acabei pensando cá com os meus botões: na culinária nós temos as receitas com filosofia software livre. E também conhecemos diversas comidinhas "proprietárias".

Exemplos? Um bolo nega-maluca. Ok, não é licenciado pelo Creative Commons, mas mesmo assim, quer fazer um bolo nega maluca? Vai no Google, coloca lá "nega maluca" e você acha receitas mil. Tem até no Wikibook. Ou procura em um bom blog de receitas, e a única coisa que você tem que fazer é citar a autoria da (ou adaptação, como no caso desse bolo da Ana Elisa).

E tem mais: se você fez um bolo nega-maluca, você tem todo o direito de vendê-lo. Não é por que a receita é conhecida, que o bolo deixa de ser seu. E se você adaptou e colocou ganache no lugar do glacê de cobertura e contou pra todo mundo essa mudança, não quer dizer que você tenha perdido os direitos sobre essa modificação. Se foi você que fez, você tem todo o direito de cobrar pelo seu trabalho, pelo produto pronto, mesmo que a receita seja aberta (como o código aberto do free software).

Mas todo mundo conhece aquela situação muito comum de pessoas que não divulgam as suas receitas de jeito nenhum! Aquele almoço de família, aquela sobremesa deliciosa e, quando perguntada sobre a fórmula mágica que deu origem àquele manjar dos deuses, a autora diz "segredo de família".

Ok, ok. Segredinhos pra lá, segredinhos pra cá, mas no final das contas é só pesquisar, meter a mão na massa (literalmente) que você consegue um doce tão bom ou melhor que o da receita misteriosa. Um doce que você pode decidir se quer o seu com mais ou menos açúcar, se quer com frescuras como cobertura ou com uma apresentação simples e direta.

Qualquer semelhança com o mundo da informática é mera coincidência.

P.S.: Esse blog está licenciado em Creative Commons. Aproveite as receitas, modifique, diga que achou no meu blog, recomende. E depois me diga como ficou.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Torta Mousse de Bolacha


O que fazer quando se quer desesperadamente um doce melequento, daqueles de comer com colher, mas se está cansado demais pra pensar? Ou quer impressionar o namorado(a) e não quer mexer no fogão? Ou quando seu grupo de RPG está chegando e não dá tempo de cozinhar tudo, mas quer um doce pra quando o pessoal cansar de apanhar na dungeon?

Fácil: recorre-se aos pacotinhos vendidos nos supermercados. Mas esse blog não seria de culinária se dissesse simplesmente "compre uma mousse de pacotinho e boa sorte!".

O que vamos fazer é uma pseudo-torta de bolacha, um doce tipicamente "de desdecendência alemã" (alemão não é, mas todas as großmutters do interior do RS fazem essa torta e a chamam de torta alemã) com o recheio a mousse de pacotinho incrementada. Essa da foto ficou pronta em meia hora e eu só sujei o pote da batedeira. Fala sério, meia hora sem sujeira? Já tive programas que levaram mais tempo que isso pra dar resposta (yeap, cadeira de Otimização Combinatória gera resultados absurdos de vez em quando).

O bacana dessa receita é que ela, além de ser fácil e rápida de fazer, rende bastante

E não tem que achar que a sua receita vale menos por que usa um ingrediente semi-pronto. A Cinara, que tem um dos blogs de culinária mais legais que eu conheço, usou a mistura para Brownie da Dona Benta numa receita dela. Então, vamos nessa:

TORTA MOUSSE DE BOLACHA:

Ingredientes:
- 2 pacotes de pó para mousse
- Leite (o quanto mandar nos pacotinhos pro preparo da mousse - no meu caso foram 300ml)
- 1 a 2 caixinhas de leite condensado
- gotas* ou raspas de chocolate ao leite e/ou branco
- 1 pacote de 200g de bolacha maria
- Leite para umedecer as bolachas
- Opcionais: 50g de chocolate branco pra marmorizar, algumas gotas de chocolate pra decorar, cerejas, essência de baunilha

Modo de Fazer:
1) Numa batedeira, faça as duas mousses ao mesmo tempo, batendo com o leite por aproximadamente 6 minutos. Use uma colher nas laterais para todo o pó incorporar. A mousse vai crescer bastante. Quando estiver bem misturada e fofa, acrescente, sem parar de bater, o leite condensado (usar 1 caixinha ou 2 depende se você gosta realmente muito doce, como o pessoal lá em casa, ou se prefere um pouco menos).
2) Desligue a batedeira. Se quiser um aroma mais intenso, acrescente uma colher de sopa de essência de baunilha ou de alguma bebida alcoólica que combine com chocolate (rum, licor, conhaque). Eu gosto da baunilha, embora não seja essencial.
3) Acrescente as gotas e raspas de chocolate e misture delicadamente, para elas se incorporarem à mousse. Se você bater, elas irão pro fundo e aí tchau efeito misturado.
Se você quiser, pode parar aqui, colocar em tacinhas e deixar na geladeira para esfriar, fica muito legal e ninguém diz que é uma mousse que você comprou semi-pronta. Ou você pode continuar a montar a torta.
4) Umedeça as bolachas no leite (importante: NÃO DEIXE DE FAZER ESSE PASSO. As bolachas sem umedecer ficam duras e intragáveis) e forre o fundo de um refratário com elas. Coloque um pouco do mousse por cima. Vá alternando camadas de bolachas e mousse, terminando com a mousse.
5) Decore como quiser. Eu acho bonito derreter um pouquinho de chocolate branco, pra contrastar (coloque o chocolate picado em pedaços grandes no microondas por uns 40 segundos) e colocar por cima, misturando um pouquinho com uma colher de sobremesa pra causar um efeito marmorizado. Cerejas afundam no mousse, então se quiser decorar com elas, tenha certeza que há uma bolacha logo abaixo pra ela não "sumir" no meio do creme.
6) Deixe na geladeira por umas 3 horas antes de atacar ;)

*você encontra pacotes de 1kg de gotas de chocolate. As da Garoto são boas e muito práticas, porque não precisa ficar picando o chocolate, é só derreter ou usar direto em biscoitos, bolos, etc.

Receitas = Algoritmos

O mundo da informática e a gulodice estão intimamente ligados. Não falo de pratos gourmet, de trufas importadas ou de grandes chefs. Falo do que nerds em geral realmente gostam de comer: snacks (aaah, a Google e seus snaks pelos corredores), pizzas, refrigerantes e toda a sorte de junk food imaginável.

Só que chega uma hora em que a gente cansa de comer só o que vem pronto dentro de saquinhos/caixinhas/pacotinhos. Não tendo uma progenitora à mão pra fazer aquela sopinha caseira (ou tendo uma que chegue cansada do trabalho), qual é o caminho? Pedir tele-alguma-coisa outra vez?

A resposta é não. Cozinha, em última análise, é pura química. Misture os elementos na temperatura certa e *tchanan* temos um prato. E de preferência simples, rápido e com pouca bagunça. Se você consegue entender os algoritmos de Dijikstra, vai tirar uma receitinha de letra.

O objetivo desse blog é falar de culinária, mas sob uma ótica mais divertida, mais 2.0. E não vai ser um "caderno de receitas", mas poderá abordar outros temas - todos, é claro, convergindo pra comida e pras nerdices que a gente tanto ama.

Até por que livros são ótimas fontes de referência (Tanembaum que o diga), mas é na Internet que nós achamos as soluções pras nossas pequenas dúvidas instantâneas - mesmo que seja o que fazer pra não ter que comer macarrão instantâneo outra vez.